Firma Casa 30 anos: a história de uma referência em design

Sonia Diniz Bernardini

Três décadas de história. A Firma Casa atinge uma marca expressiva em 2024, que dá ainda mais peso à curadoria singular de Sonia Diniz Bernardini, a fundadora da empresa. Ao longo dos anos, a Firma Casa se consolidou como referência entre os arquitetos e designers de interiores. A valorização do original e de seus criadores é uma das bases do trabalho da Firma Casa desde sua fundação, em outubro de 1994.

Depois da experiência em seu primeiro escritório com foco em cortinas, Sonia notou a oportunidade de trabalhar com produtos importados. Ela enxergou rapidamente esse potencial após o Plano Collor e, anos depois, com a chegada do Plano Real. À época, o câmbio estava um para um, por isso os móveis importados eram muito competitivos e chamavam a atenção dos consumidores.

“Eu notava que os brasileiros sempre compravam muitas coisas quando viajavam para o exterior. Então me perguntei: e se eu começasse a vender produtos importados?”, conta Sonia. Ela visitou feiras em Nova York, Milão, Frankfurt e outras cidades de grande relevância que a ajudaram a visualizar um modelo de negócio.

Ainda antes de ter um endereço físico, Sonia passou a importar objetos e trabalhar como distribuidora. Dentre os destaques, estavam copos franceses que eram vendidos para o Pão de Açúcar e várias outras lojas. “Quando comecei a trazer alguns objetos, percebi que todo mundo amou”, lembra.

 

Um nome para ecoar

Em um dos seus primeiros negócios, Sonia Diniz Bernardini adotou o nome Firma Assessoria de Decorações.

“O nome ‘Firma’ foi uma coisa minha mesmo, eu brincava com uma amiga que queria abrir minha empresa, minha firma. Então, tive a ideia de adotar o nome”.

Conforme ela tomou a decisão de crescer e dar passos maiores, percebeu que seria também o momento de atualizar sua marca.

Foi a partir desse movimento que surgiu a Firma Assinatura da Casa, que carregava a forte ideia de uma assinatura própria, algo totalmente ligado à visão singular que Sonia apresentava ao mercado. Em pouco tempo, a empresária decidiu encurtar o nome para torná-lo ainda mais impactante: Firma Casa.

 

Os primeiros passos da Firma Casa nos Jardins

 

Fachada Firma Casa 1994

A Firma Casa é uma das responsáveis em transformar a alameda Gabriel Monteiro da Silva no endereço icônico do design e da decoração em São Paulo. No início dos anos 1990, o espaço que hoje abriga o showroom era uma pequena casa, onde funcionava um escritório de advocacia.

Nos arredores, nomes como Armando Cerello e Ari Beraldin passaram a ter lojas na primeira metade da década de 1990. A Firma Casa surgiu na mesma época, mais precisamente em 1994, e é a mais bem-sucedida loja da região em termos de longevidade. Outras lojas surgiram e prosperaram nos anos seguintes, o que contribuiu para fazer da Gabriel Monteiro da Silva um sinônimo de qualidade e alto padrão em design e mobiliário.

O atual formato do espaço da Firma Casa começou a ser concebido em 2010, ano em que Sonia decidiu que a antiga loja deveria dar lugar a uma arquitetura mais ampla, que sobressaísse em meio aos pontos comerciais da Gabriel.

A concepção paisagística e artística foi criada pelos irmãos Fernando e Humberto Campana e o estúdio de arquitetura Superlimão. E a “casinha” que se fez loja foi projetada pelo importante arquiteto mexicano Aurélio Martinez Flores, radicado no Brasil.

 

Visão de vanguarda

O sucesso em um local tão disputado da maior capital da América Latina é resultado das inúmeras referências adquiridas por Sonia em viagens e trocas de experiências. Ela desenvolveu um verdadeiro faro para o que viria a se tornar tendência. A Firma Casa se apresentou ao mercado com a força de três marcas italianas, escolhidas a dedo por Sonia. Ela importava produtos da Zanotta, com uma característica mais clássica, da vanguardista Edra e da Moroso, que unia clássico e contemporâneo.

Em 1995, a empresária fez sua estreia em Milão. Na capital do design, teve a oportunidade de estreitar laços com as três marcas.

“Eu estava pensando em ir para a parte étnica, com um lado mais rústico, mas decidi valorizar o design contemporâneo. Era uma época de abertura de mercado, em que muitos agentes passaram a estar mais presentes no Brasil”, aponta Sonia.

 

Um lugar ao sol

A Firma Casa foi compondo seu acervo com uma linha abrangente de produtos nacionais e importados, que valorizava a qualidade e a sofisticação. Vale ressaltar que Sonia sempre olhou para os jovens designers brasileiros, que esbanjavam talento e buscavam um lugar ao sol. Lucas Recchia, por exemplo, é um dos nomes que teve a sua carreira impulsionada pela Firma Casa.

 

Um espaço pulsante de design

Fachada Firma Casa 1994

 

As mostras realizadas no espaço desde 1999 contribuíram muito para o sucesso e reconhecimento da Firma Casa. A primeira exposição aconteceu na esteira de uma mostra realizada na embaixada da Itália em Brasília, que Sonia levou a São Paulo e sediou na loja.

“A gente montava uma cenografia no pátio na parte de trás do terreno. Essas mostras me deram expertise e autoridade dentro do segmento, junto a designers e clientes”, observa Sonia.

Além das exposições, o endereço na Gabriel Monteiro da Silva passou a abrigar uma segunda marca, a Conceito: Firma Casa, que esteve ativa entre 2002 e 2014. Segundo Sonia, a intenção era ter uma marca dentro da marca “mãe”, com uma concepção mais casual e produtos mais acessíveis.

“Nessa época surgiram lojas na Europa com esse perfil, com roupas, objetos de decoração e livros”, explica. Grande parte dos produtos vinham da China, mas passavam por um controle de qualidade na Europa antes de serem adquiridos pela Conceito Firma Casa.

Em 2014, Sonia direcionou o foco para a Firma Casa e chegou a expandir sua presença para o Rio de Janeiro e Salvador. As lojas nas duas cidades funcionaram por alguns anos e ajudaram a fortalecer a marca Firma Casa no cenário nacional.

Revisitar a trajetória da Firma Casa é passear pela história recente do design brasileiro, que foi tão engrandecido pelo trabalho da marca.

“Desde criança, eu adorava brincar de casinha, gostava de arrumar os armarinhos, as mesinhas”, relembra Sonia.

A brincadeira ganhou contornos grandiosos à medida que ela percebeu a sua vocação empreendedora somada a uma sensibilidade especial para o design.